1 de junho de 2010

As Dificuldades da Organização do Trabalho e suas Consequências na Saúde do Trabalhador

Betanea Padilha

O trabalho seria uma fonte de dificuldades para o homem porque nem a técnica nem a ciência mesmo com todas as prescrições sobre como o trabalho deve ser feito, ou seja, sobre as recomendações ou prescrições acerca da organização do trabalho dão conta do trabalho totalmente. Aqui aparece a colaboração indispensável do trabalhador para que o processo de trabalho aconteça.
Nessa dinâmica entre homem e trabalho surge então a oportunidade das dificuldades se tornarem prazerosas em dois sentidos, quando existe o reconhecimento sobre um fazer e também por uma gratificação pessoal a partir daquele reconhecimento. Então o reconhecimento aparece tanto na constatação da realização de um bom trabalho quanto de uma gratidão pessoal de você ter realizado aquele trabalho.
Consequentemente a natureza do trabalho seria criativa, coordenada, colaborativa, sempre humana, na medida em que requer a mobilização da inteligência da vontade de realizá-lo, atividade então sempre subjetivante, já que recorre sempre a esta dimensão da inventividade humana no plano do coletivo, já que requer essa parceria em conjunto das pessoas.
Assim, para o homem se realize, ele dependeria dessa dimensão do trabalho e também dessa dimensão do outro, em sua relação entre identidade e trabalho. Ou seja, a conquista da identidade atravessa essas relações do homem com o trabalho, na medida em que é por meio da dinâmica do reconhecimento que pode alcançar sua realização pessoal. Daí que também por meio do trabalho pode descompensar se numa crise ou perda de sua saúde física ou mental.
Uma dificuldade primordial nessa constituição de identidade no trabalho seria a qualidade instável desse coletivo. O equilíbrio frágil entre essa economia da identidade e da saúde mental do trabalho dependeria da cooperação entre as pessoas. E como a motivação de cada um não é passível de ser prescrita, mas ocorre naturalmente diante das expectativas em relação às realizações pessoais, resta a preservação dessa inclinação natural das pessoas em colaborar ou contribuir para a realização do trabalho.
Caso a dinâmica do reconhecimento seja paralisada, as dificuldades que antes eram convertidas em prazer tornam se sofrimento. O trabalho perde seu sentido ou propósito o que pode levar à uma descompensação psíquica ou somática dos indivíduos, culminando assim num processo que adoece. O sofrimento então dá início as estratégias defensivas que podem culminar na doença. Essas estratégias dizem respeito a modos de lidar com as dificuldades em nome de se preservar a saúde mental e física.
Betanea Padilha

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