16 de setembro de 2011

II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama

No II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama realizado nos dias 10,11 e 12 de setembro de 2010, realizamos duas apresentações em Comunicação OralA processualidade das experimentações: as ferramentas de Foucault, Deleuze e Guattari nas relações saúde e trabalho”, uma analisando as práticas do projeto efetivamente realizado pelo projeto de extensão da UFF, Agenciamentos Coletivos, e outra trabalhando com conceitos filosóficos utilizados como ferramentas no trabalho. O resumo expandido foi publicado em anais do congresso. Foram palestrantes a profa. Dra. Marilene Verthein e a aluna Betânea Padilha.

O evento abordou diversos temas como Principais Esquizoemas, Realidade e Realteridade, Capitalismo e Esquizofrenia, ( O Anti Édipo e Mil Platôs), As Quatro Ecologias, Subjetividade e Subjetivação, Direitos mais que Humanos, Movimentos Populares, Saúde Intergral e Mental, Economia Solidária; Ciência, Filosofia, Arte; Política, Direito e Educação; As Klínicas do Esquizodrama.

A Programação do Evento dividiu-se em quatro auditórios principais, com atividades como Mesas Redondas, Conferências, Vídeos-debate, Apresentações de Trabalhos livres, Esquizodramas e Assembléia Geral.

As apresentações de trabalho foram muitos ricas e foi muito importante para expandir o projeto, “Agenciamentos Coletivos, Sus e a Saúde do Trabalhador em Debate” na sua proposta de incrementar as oficinas, adaptando a proposta do esquizodrama para a discussão dos temas relacionados a Saúde do Trabalhador sobre o qual o projeto enfoca.

Dos temas abordados também a serem enfocados pelo projeto estão a questão da dissolução do lugar tanto do paciente quanto do analista, na medida em que o cerne da Esquizoanálise é trazer a tona a autogestão, a autonomia dos sujeitos, a dissolução das teorias centradas no “eu” na busca de trazer o coletivo à tona, dissolvendo a noção de grupo como um conjunto de indivíduos, mas sim como uma produção, emancipadora da liberdade propriamente humana. Daí uma clínica não enfocada na terapêutica, mas na ética e na política.

A proposta de se fazer uma (K)línica como desvio dessa forma padrão de relacionamento no qual o especialista retém o conhecimento, mas sim apostar no acaso do encontro. Aquilo que o corpo coletivo pode, encontra-se desconectado com nossa forma de agir, de pensar, de conectar. São possibilidades que ficam imanentes, mas não atuantes, enquanto oportunidades de vida. Assim o socius opressivo e excludente vai gerar o sofrimento e o adoecimento.

Parte-se então do desejo de pensar para o desejo de compreender e para o desejo de agir, de transformar nossos caminhos e a vida. Ao invés de se buscar a consciência de falta e limitação que extraindo o diagnóstico da impossibilidade do outro, da ferida que sangra, da consciência de vítima que inibe e paralisa; parte-se em busca do homem novo, de uma vida nova, de novos modos de intervir. Na construção dessa forma de intervenção, no qual assenta-se sobre uma filosofia da culpa e do ressentimento para acessar ao novo, perde-se a potência da criatividade, que é a capacidade de brincar, de jogar, de se alegrar e de rir, em contraposição ao modelo de homem equilibrado, que adoece e se deprime.

Através dessa nova forma de intervir, potencializadora de saúde que permite enriquecer o coletivo, na busca dessa realteridade do homem generoso, terno, suave, amoroso, cúmplice, solidário; que permite explorar sua multiplicidade e expandir sua potência de agenciar.

O projeto ganha assim novas ferramentas como a esquizoanálise e o esquizodrama, pelo convite proposto do congresso para ampliar a vida, o estar junto, a multiplicidade, a criação, o coletivo, na busca do corpo sem órgãos, na medida em que não se define pela sua forma ou função, mas sim pelos afetos intensivos que é capaz, através de seres que não sofram de indiferença, pela abertura máxima sensível, do dessemelhante, ao acolher o outro na sua profunda diferença.

Voltamos ao projeto na vontade de afirmar novas formas de existência que ampliem a forma de vida múltipla, ao invés do corpo pleno do capitalismo que afirma a descartabilidade do corpo e da vida do trabalhador. A questão é trazer como retornar ao trabalho de outra forma, que não aquela que leva ao adoecimento ao afirmar uma identidade tão marcada pelo discurso da competência, que formata os sentidos e valores que empobrecem a vida. No esquizodrama, o que se traz para a cena é o teatro cru das disparidades, na qual as intensidades são as próprias personagens. Trazer a corporeidade à cena, na questão de como criar para si um corpo sem órgãos na própria experimentação. O projeto lança-se então na busca dessas experimentações, ao mesmo tempo levando as suas próprias experimentações e trazendo também novas marcas para si.

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